quinta-feira, 28 de maio de 2020

Atividades Musicais com Idosos Institucionalizados (ILPI)


As atividades a seguir são atividades musicais que podem ser utilizadas por musicoterapeutas e outros profissionais da saúde, de acordo com o objetivo terapêutico de cada profissional.  As atividades propostas contribuem para o desenvolvimento e manutenção das habilidades psicomotoras dos idosos resultando numa melhor qualidade de vida. Os recursos utilizados são instrumentos musicais (leves, de fácil manuseio e execução, sem partes cortantes ou pontiagudas e de preferência percussivos), objetos diversos (fitas, bolas, bambolês, bexigas, etc), a voz e o corpo (dentro das limitações e particularidades de cada idoso), com o intuito de oferecer-lhes experiências inéditas, além de conscientizá-los de suas potencialidades e habilidades preservadas.
 
 
 

Jogos Musicais


Os jogos musicais permitem ao idoso participar de atividades não competitivas que estimulam suas habilidades cognitivas, permitindo o relacionamento interpessoal e trazendo inúmeras recordações.


Sorteio de Palavras


Aplicação:  O musicoterapeuta escolhe palavras contidas em músicas pertencentes ao histórico sonoro dos idosos e realiza o sorteio dessas palavras. O idoso que tirar o papel deve ler a palavra em voz alta e tentar recordar uma canção com essa palavra. Se não conseguir lembrar, pode pedir auxílio ao grupo.
Variações: Caso o idoso tenha dificuldades para ler, devido à evolução demencial ou devido à baixa escolaridade, o musicoterapeuta lê a palavra e pede que ele tente se recordar de uma canção com essa palavra. Caso o grupo tenha dificuldade em recordar canções com algumas palavras, o musicoterapeuta pode cantar ou tocar melodias de músicas que tenham essa palavra, pedindo então que os idosos a cantem e identifiquem onde está a palavra na canção. 
As palavras podem ter um tema associado à datas ou ocasiões, como Dia das Crianças, Dia das mulheres, Carnaval, Natal, Festa Junina, entre outros. 
Benefícios:  Incentiva a expressão verbal, canto, aumenta a autoestima e socialização, além de estimular memórias remota e recente, raciocínio, atenção e concentração.


Frases de Músicas 


Aplicação: Semelhante à atividade anterior, porém nessa atividade o musicoterapeuta escolhe trechos conhecidos de canções que façam parte do histórico sonoro dos idosos, escrevendo-as em pedaços de papel. Os idosos devem sortear o papel, ler a frase em voz alta e tentar se recordar da melodia ou da continuação da canção. Assim como na atividade anterior, o idoso pode pedir auxílio ao grupo se não conseguir se lembrar da canção. 
Variações: Caso os idosos não se recordem da canção, o musicoterapeuta pode cantarolar ou tocar a melodia desse trecho da música, ou ainda dar dicas sobre o cantor, estilo musical, etc. Outra variação é deixar lacunas nas frases de canções para que os idosos se recordem e completem a palavra que está faltando, através da fala ou do canto.
Benefícios:  Incentiva a expressão verbal, canto, aumenta a autoestima e socialização.  


Fotos de Cantores


Aplicação:  O musicoterapeuta leva para a sessão fotos impressas de cantores e cantoras famosas, antigos ou contemporâneos conhecidos pelo grupo. É importante buscar esse conhecimento antes da sessão, para que a atividade possa ser efetiva à todos os idosos. O terapeuta deve se certificar também anteriormente se algum idoso tem deficiência visual. O terapeuta mostra, então, a foto aos idosos e pergunta o nome do cantor (a), o que lembram da biografia dele (a), quais músicas foram gravadas por ele(a), entre outras perguntas.
Variações: Se os idosos tiverem dificuldades em reconhecer, enxergar ou se lembrar do nome de algum intérprete, o musicoterapeuta pode dar dicas como o sobrenome do cantor, ou o primeiro nome, assim como trechos de sua biografia. Outra variação é ler a biografia de cantores antes de mostrar a foto. Se os idosos não se recordarem do cantor, mostra-lhes a foto e pede-se novamente que tentem recordar seu nome, dando dicas se necessário. Se os idosos se recordarem do nome do cantor(a) somente pela biografia, o terapeuta pode mostrar-lhe uma foto aleatória da atividade, perguntando ao idoso se aquele é ou não o cantor que estão se referindo.
Caso os idosos executem a atividade anterior com facilidade, pode-se mostrar simultaneamente duas ou três fotos de cantores similares (do mesmo estilo musical, mesma época), e pedir que apontem a foto correspondente ao cantor X ou tocar alguma música que esse cantor interprete.
Benefícios:  Incentiva a expressão verbal, canto, aumenta a autoestima e socialização. 


Advinhe quem tocou


Aplicação: Quando a sessão estiver acontecendo com todos ou alguns participantes utilizando instrumentos musicais, o musicoterapeuta escolhe uma pessoa para ser o adivinhador. O escolhido fecha o olho ou coloca uma venda. Enquanto isso são distribuídos instrumentos musicais percussivos à alguns idosos. O musicoterapeuta escolhe um deles para tocar o instrumento de maneira improvisada. Quando ele parar, a pessoa que estava com o olho fechado deve abrir o olho ou tirar a venda, tentando adivinhar quem tocou, e dizer o nome da pessoa e do instrumento tocado.        
Variações: Se o grupo estiver com muita dificuldade para adivinhar, a atividade pode ser realizada com o adivinhador de olho aberto mesmo. Da mesma forma a pessoa tem que dizer o nome da pessoa que tocou, e também do instrumento tocado. Além do nome pode tentar dizer quais são as características desse instrumento (Agudo, grave, grande, pequeno, colorido, etc...).
Benefícios: Expressão através da improvisação; percepção sonora; estimula a cognição.  Ao realizar essa atividade, o idoso se expressa através de um instrumento, além de treinar sua percepção em relação à localização de fontes sonoras e de exercitar a cognição lembrando o nome dos colegas e dos instrumentos.     


Siga o mestre (musical)


Aplicação: Cada idoso escolhe um instrumento. O musicoterapeuta começa sendo o mestre para demonstrar a brincadeira. O mestre toca o instrumento (forte, fraco, com padrões rítmicos e melódicos simples,) sempre de acordo com as características dos instrumentos. As outras pessoas tem que tocar de maneira igual ou parecida com o Mestre. Após a demonstração, o musicoterapeuta escolhe outra pessoa para ser o mestre. 
Variações: A atividade pode ser feita apenas com palmas, ou partes do corpo, como por exemplo: O mestre bate palma três vezes, e os participantes irão bater palmas três vezes. O mestre bate palma uma vez, bate no peito uma vez, e depois bate o pé uma vez, e as pessoas tem que repetir o mestre na mesma ordem.
Benefícios: Aprimoramento da atenção e concentração; Iniciativa, autonomia e liderança (quando a pessoa for o mestre). Ao pedir para os idosos repetirem o mestre, a atenção e concentração terá que ser direcionada ao improviso do mestre, exercitando assim essas capacidades cognitivas. 



Discriminação Sonora


Reconhecimento de sons do cotidiano


Aplicação: O musicoterapeuta apresenta ao grupo, através de gravações, sons diversos do cotidiano, como sons de objetos, animais, natureza, entre outros. Os idosos devem advinhar qual é o som apresentado.
Variações: O musicoterapeuta pode utilizar os sons ao abordar ou visando explorar um assunto específico, evocando lembranças e incentivando a expressão verbal dessas lembranças. Por exemplo, ao utilizar o som do latido de um cachorro, pode perguntar ao grupo o nome dos cachorros que já tiveram. 
Outra variação é utilizar sons específicos de fazenda, pedindo que os idosos digam quais as lembranças relacionadas a fazendas eles têm.
A atividade pode ainda solicitar que os idosos usem sua criatividade, como por exemplo, ao ouvir o som de um cavalo, designar qual nome dariam a esse cavalo se o ganhassem de presente naquele momento.
Benefícios: Incentiva a atenção, concentração, estimula a memória, expressão verbal e troca de vivências, melhorando o relacionamento interpessoal. 
Essa atividade prende a atenção do idoso por serem estímulos auditivos breves, estimulando também sua participação e competitividade, embora não seja uma atividade competitiva. Através de sons utilizados, podemos evocar lembranças diversas ou ainda estimular a criatividade do grupo, incitando-os a criar mentalmente novos eventos. 


Reconhecimento auditivo de cantores


Aplicação: O musicoterapeuta escolhe e põe o áudio de algumas músicas, pedindo que os idosos as ouçam e tentem identificar qual cantor está interpretando a canção.
Variações: Podem ser escolhidas canções que ficaram famosas na voz de determinados cantores ao aplicar a atividade em grupos de idosos com comprometimento cognitivo maior.Uma variação, para a aplicação com idosos com comprometimento cognitivo leve, é levar à sessão a mesma música sendo interpretada por vários cantores diferentes.
Benefícios: Incentiva a atenção, concentração, discriminação auditiva, associação e evoca memória remota.
Justificativa: Essa atividade faz com que o idoso ouça a canção de forma ativa, participando da atividade estimulando seus domínios cognitivos e não somente de forma passiva. Ao ouvir as canções, ele não só acessa suas memórias remotas como evoca recordações e associações. 


Reconhecimento auditivo de instrumentos musicais


Aplicação: O musicoterapeuta põe o áudio de alguns instrumentos musicais, solo ou como instrumento principal, pedindo que os idosos  ouçam e tentem identificar qual é o instrumento que está tocando.
Variações: No caso dos idosos apresentarem dificuldades para identificar o instrumento, ou tenham opiniões diferentes, o musicoterapeuta pode dar dicas sobre o instrumento, como charadas, ou ainda, fazer mímicas de como se toca o instrumento, por exemplo.Outra variação, para idosos com comprometimento cognitivo moderado, é levar fotos de alguns instrumentos e pedir que, ao ouvir o som, apontem a imagem do instrumento que está tocando, dizendo, se possível, seu nome.
Benefícios: Incentiva a atenção, concentração, discriminação auditiva, associação e evoca memória remota.
Permite que o idoso tenha uma audição ativa, assim como na atividade anterior. Dessa forma, usa e estimula seus domínios cognitivos, podendo ser remetido a recordações da sua história de vida. Essa atividade pode ainda melhorar o humor e autoestima dos idosos institucionalizados. 
 
 
Associação musical com países

Aplicação: O musicoterapeuta toca, num aparelho de som, músicas típicas de vários países, pedindo que os idosos identifiquem de qual país é a música em questão. Após identificarem, pode-se abrir espaço para lembranças de como é esse país, idioma, comidas típicas, pontos turísticos, etc.
Benefícios: Incentiva a atenção, concentração, discriminação auditiva, associação e evoca memória remota.Essa atividade pode ainda evocar recordações da terra natal (no caso de idosos estrangeiros), familiares ou viagens realizadas. Essas lembranças devem ser acolhidas pelo musicoterapeuta e se possível pelo grupo, a fim de estreitar laços sociais e criar empatia. 


Associação musical com datas festivas


Aplicação: O musicoterapeuta seleciona músicas que tenham relação com datas festivas nacionais ou mundiais, como por exemplo, Aniversário, Casamento, Dia da Independência do Brasil, Natal, Ano novo, Carnaval, Festa Junina, Dia das crianças, Páscoa, Dia das mães, dia dos pais, entre outros. Antes de colocar as audições, o musicoterapeuta introduz o tema, perguntando aos idosos quais as datas festivas que se lembram. Após, diz que colocará músicas associadas a algumas dessas datas, pedindo que os idosos identifiquem a qual data festiva a música está associada. 
Variações: Uma variação é, após a identificação da data festiva pelo grupo, levantar as lembranças que os idosos tem sobre essa data, pedindo que compartilhem com o grupo.
Nas datas festivas de datas individuais, como aniversário e casamento, pode pedir que cada idoso diga o dia do seu aniversário ou do seu casamento. Para os idosos viúvos, relembrar a data do casamento pode trazer certa melancolia, por isso, não insistir se o idoso mostrar resistência em falar ou lembrar. Atente-se para a reação emocional do idoso e ofereça suporte ou mude o foco de sua atenção caso seja necessário.
Benefícios:  Estimula a memória, atenção, concentração, associação, incentiva o relacionamento interpessoal e expressão verbal e emocional.
As músicas festivas marcam datas, lembranças, remetendo os idosos a recordações e emoções que devem ser expressadas e compartilhadas com o grupo, dentro de um espaço terapêutico criado para  acolher semelhanças e respeitar opiniões diversas.



Atividades rítmicas


Palmas/ Palmas alternadas e instrumentos musicais


Aplicação: Nessa atividade, os idosos acompanham música tocadas no aparelho de som através de palmas simples ou palmas alternadas com percussão nas coxas, por exemplo. Ainda é possível realizar palmas em “Ostinato Ritmico”, ou seja, realizar ritmos que se repetem ao longo da música. O acompanhamento ritmico das músicas e realização de Ostinato podem ser feitos também utilizando instrumentos musicais percussivos simples.
Benefícios: Melhora a memória, coordenação motora, percepção musical e interação social. A atividade pode ser feita também utilizando bolas ou bexigas acompanhando o ritmo das canções. Ao trabalhar com bolas, trabalha-se com interação social, coordenação motora e exercício dos membros superiores (ao aumentar as distâncias). 
 
Dança

Aplicação: Retirar os idosos com marcha firme para dançar enquanto tocam seus ritmos musicais preferidos. Os idosos com marcha prejudicada que manifestem o desejo de dançar podem dançar com auxílio da musicoterapeuta e de uma enfermeira (se houver alguma disponível no momento).
Importante sempre oferecer um apoio firme aos idosos para evitar queda em caso de desequilíbrio. Segurá-lo por baixo de pelo menos um dos braços enquanto dançam.
Benefícios: a dança, além de estimular os idosos motoramente, influenciam muito a auto estima do idoso. Muitos relembram a sua mocidade e relatam se sentir revigorados e até mais jovens enquanto dançam.
 
Coreografias simples de músicas 

Aplicação: Nessa atividade são realizadas coreografias simples no refrão de canções, incentivando a movimentação de membros superiores como levantar os braços, por exemplo, em de determinada parte da música.
Benefícios: Estimula motoramente os membros superiores, incentiva a atenção e concentração.  


Atividades  Reflexivas


 Audições temáticas

Aplicação: Utilizar músicas que aborde algum tema específico que coincida com a realidade, para que no final da audição, seja feito uma roda de conversa. Por exemplo: Próximo à celebração da Páscoa, coloca-se uma música que fale sobre a Páscoa. Após a audição, o musicoterapeuta pede para os idosos lembrarem do significado da Páscoa, símbolos, etc. e abre a roda de conversa para eventuais lembranças que os idosos queiram compartilhar.
As audições temáticas podem ter temas como dia das mães, dia das crianças, dia dos pais, Natal, Ano Novo, Aniversário, etc.
Benefícios: Orientação para a realidade, produção de reminiscências, expressão verbal.É importante que o idoso saiba o que está se passando no mundo e ao seu redor, para que ele não se afaste ainda mais da Sociedade. Temas como o dia das mães, dia dos pais, natal, páscoa, festa junina, entre outras, permitem que os idosos saibam em que época do ano eles estão, além de proporcionar lembranças valiosas de suas experiências de vida.


Diálogo Sonoro-musical
 
Aplicação: Com ou sem um instrumento, um participante faz uma improvisação sonora olhando para outra pessoa do grupo, escolhendo-a como seu parceiro na improvisação. Ao terminar sua improvisação, essa pessoa “responde” ao que acabou de ouvir com outra improvisação, estabelecendo assim um diálogo sonoro-musical.
Variações: Ao invés de “responder” para quem improvisou, a pessoa pode olhar para outro integrante do grupo e improvisar, estabelecendo assim um diálogo entre mais de duas pessoas.
Benefícios: Expressão sonora, Interação social, uso do olhar como forma de comunicação.Ao improvisar olhando ou mesmo dirigindo sua atenção para outra pessoa, o idoso se comunica de alguma forma com alguém, ao mesmo tempo em que se expressa através de um instrumento musical ou mesmo seu próprio corpo.
 
 
Oferecer instrumentos musicais a outros idoso

Aplicação: O musicoterapeuta entrega alguns instrumentos musicais (cerca de ¼ do número total de idosos) a alguns idosos do grupo. Pode-se improvisar livremente em grupo por tempo determinado ou acompanhar ritmicamente alguma canção escolhida ou pertencente ao Iso grupal dos idosos. Logo após, o musicoterapeuta pede que os idosos escolham outra pessoa para tocar o instrumento que estão segurando. Repete-se a dinâmica por cerca de 4 vezes, incentivando que os idosos escolham quem ainda não foi escolhido.
Benefícios: Incentiva iniciativa e um olhar mais atento ao outro, incentivando o relacionamento interpessoal e expressão sonoro-musical.Muitas vezes, idosos institucionalizados convivem diariamente mas se permitem conhecer apenas com uma pequena parcela dos outros idosos da casa, não sabendo sequer o nome de alguns colegas. Algumas atividades musicoterapêuticas, como por exemplo esta, permitem que os idosos se olhem mais atentamente, possibilitando a criação de laços de afeição, podendo melhorar consideravelmente o convívio entre eles.


Amigo secreto musical

Nessa atividade o idoso sorteia um nome de um dos colegas da sala e lhe oferece uma música. O ideal é que o grupo já se conheça há bastante tempo a ponto de conhecerem o gosto musical de cada um. O ideal é que o grupo não seja muito grande, para a atividade não se estender muito. É uma boa atividade para o final do ano e pode ter resultados bem gratificantes tanto para o terapeuta quanto para os idosos.

 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

CBO do Musicoterapeuta

CBO


Código Brasileiro de Ocupação
Título: MUSICOTERAPEUTA Código 2263-05

Descrição
Atendem pacientes e clientes para prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas utilizando procedimentos específicos de terapia ocupacional, ortoptia e musicoterapia. Habilitam pacientes e clientes; realizam diagnósticos específicos; analisam condições dos pacientes e clientes. Atuam na orientação de pacientes, clientes, familiares, cuidadores e responsáveis. Desenvolvem, ainda, programas de prevenção, promoção de saúde e qualidade de vida.

Formação e Experiência
Para o exercício dessa ocupação é exigido curso superior em musicoterapia, com registros nos conselhos profissionais pertinentes. No caso específico da musicoterapia, podem atuar profissionais de outras áreas com especialização em musicoterapia

Fonte: https://apemesp.wordpress.com/musicoterapia/cbo/
 
SÍMBOLO NACIONAL DA MUSICOTERAPIA, escolhido por votação nacional em 2012.
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Música é Bênção




TOCAR UM INSTRUMENTO, CANTAR, OUVIR DISCOS QUERIDOS OU LEMBRAR COMO FOI BOM AQUELE SHOW SEMPRE EMOCIONA E RELAXA. SABE POR QUÊ? CERTOS ACORDES SÃO SÓ SEUS.




O que havia no princípio não era o verbo. Era o som. O homem está sujeito a diferentes formas de vibração desde os mais tenros momentos de suas primeiras e solitárias células. E som é vibração. É por isso que a música emociona a todos. Biologicamente falando, o som ressoa diretamente no ser. "Alguém que dedique algumas horas por semana a ouvir música obterá um efeito positivo em sua vida", afirma a musicoterapeuta Sabrina de Souza Macedo. "E, quando digo isso, me refiro a fechar os olhos e realmente parar para ouvir música." O que pode trazer de benefício? Um efeito é a catarse, liberação de energias até então sobrecarregadas por um estilo de vida estressante.Então, faça a música despertar seus ouvidos. Jogue-se num tapete, toque um instrumento, solte a voz ou simplesmente escute suas canções prediletas - pode ser a dos velhos discos de vinil, dos CDs, do MP3, não importa. Também vá a shows de seus artistas do peito, pois nada substitui essa experiência. Na casa e na vida, deixe-se levar pela musicalidade. O corpo e a mente agradecem.




Texto: Guilherme Conte


Fonte: Revista Casa e Jardim, edição de Junho de 2008.

 

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Musicoterapia e Educação Especial




A música vem sendo utilizada como cura desde os primórdios da humanidade, mas se estabeleceu como ciência somente após a Segunda Guerra Mundial. A Musicoterapia tem inúmeras aplicações, entre elas síndromes genéticas como Down, Turner e Rett, distúrbios neurológicos, distúrbios emocionais, deficiências sensoriais, visuais e auditivas, autismo, entre outras.

Principais metas da Musicoterapia na educação especial:

l Estimular a comunicação (verbal e não verbal);
l Estimular a expressão corporal, vocal e sonora (através de instrumentos musicais, dança e canto);
l Melhorar a auto-estima;
l Explorar as potencialidades e a conscientização dos próprios limites;
l Estimular a coordenação motora grossa e fina através de atividades musicais, utilizando instrumentos musicais de percussão simples;
l Melhora da orientação espacial e corporal através de vivências musicais;
l Expandir a capacidade de atenção e concentração;
l Estimular a imaginação e criatividade;
l Exercitar a memória;
l Promover um melhor relacionamento intra e interpessoal;
l Atenuar a carência afetiva através de vivências grupais;

Os objetivos gerais podem variar de acordo com as características do grupo ou indivíduo, suas necessidades e peculiaridades.
No autismo, por exemplo, a Musicoterapia atuará no desenvolvimento e estabelecimento de canais de comunicação através da música e do som, se estendendo posteriormente para a comunicação verbal. Com indivíduos portadores de déficits de aprendizagem ou atraso mental, o principal objetivo será focar a cognição e aprendizagem. Em crianças com paralisia cerebral e síndromes que envolvam déficits motores, a Musicoterapia enfocará também o uso de ritmos e instrumentos musicais, agindo tanto como estímulo à comunicação e cognição como na melhora da motricidade.
Na deficiência visual, a música age como excelente forma de expressão e estimulação, auxiliando a localização espacial, a cognição e raciocínio e permitindo a expressão de conteúdos internos de uma forma não verbal. Já na deficiência auditiva, a Musicoterapia trabalha com o tato utilizando vibrações sonoras e instrumentos musicais como material estimulador.
Independente das necessidades provenientes de cada patologia citada acima, a Musicoterapia valoriza a expressão de cada indivíduo, respeitando suas particularidades e auxiliando-o em suas dificuldades, como um ser global.
Os métodos e materiais utilizados serão: a voz, o corpo, instrumentos musicais de fácil manejo e execução, materiais lúdicos-educativos e, ocasionalmente, aparelho de som e CDs específicos.

A Musicoterapia trabalha com tratamentos individuais ou em grupo. Os tratamentos individuais possibilitam um melhor conhecimento do paciente, o estabelecimento de uma relação terapêutica mais personalizada e uma aplicação mais precisa às suas necessidades. São indicadas para alguns casos de autismo, psicoses e distúrbios graves de personalidade. Os tratamentos grupais possibilitam o aprofundamento do autoconhecimento do paciente, mudanças no afeto, cognição e comportamentos e estimula a sociabilização. Os grupos são formados de acordo com as deficiências, idade mental e cronológica, afinidade de gostos musicais e aspectos culturais (quando possível).


BIBLIOGRAFIA

BLASCO, S. P. – Compendio de Musicoterapia; Vol. I, Empresa Editorial Herder, S.A., Barcelona, 1999.

GASTON, E. T – Tratado de Musicoterapia, Ed. Paidos, Buenos Aires, 1968.

JOURDAIN, R. – Música, Cérebro e Êxtase: Como a música captura nossa imaginação, Ed. Objetiva, Rio de Janeiro, 1998.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Musicoterapia na Terceira Idade




O trabalho musicoterápico em geriatria deve ser, de certa forma, diferente do que deve-se desempenhar com outros pacientes, tendo por objetivo geral a alteração de seu comportamento e a ampliação de suas capacidades. O tratamento musicoterápico oferecerá ao idoso a oportunidade, num primeiro momento, de estimulação às suas atividades mnêmicas, atingindo, a partir delas, as demais funções cognitivas. O ato de tocar, cantar, improvisar, criar e partilhar experiências, entre outras atividades, propicia a elaboração de conteúdos mentais mais complexos a partir de sua produção sonoro-musical. O idoso é estimulado a retomar movimentos corporais, ao mesmo tempo em que vê resgatada a sua memória como um todo (Souza, 1997).
Além da cognição, a música pode proporcionar estímulos fisiológicos, influenciando o ritmo cardíaco e pressão sanguínea, facilitando a movimentação das extremidades superiores e inferiores do corpo, as fortalecendo (Blasco,1999). Também exerce grande influência sobre a auto-estima do paciente, trabalhando seus aspectos emocionais.



A Musicoterapia tem como função principal, no tratamento com a terceira idade,
restabelecer a auto-estima do idoso frente às suas potencialidades, ao meio que
o cerca e a que pertence. Ao restituir esta capacidade de crença em si mesmo, de
sua potência como sujeito, o idoso restabelece o crédito diante do social,
alterando para melhor o conceito que a sociedade tem dele e ele de si mesmo.
(Cerqueira de Souza, 2006).



No trabalho musicoterápico, é fundamental que o musicoterapeuta tenha um conhecimento aprofundado das músicas que fizeram e fazem parte do universo musical do paciente, a fim de criar um ambiente propício para o fluir da linguagem musical e de seus aspectos terapêuticos.

Principais Objetivos da Musicoterapia com Pacientes Geriátricos

- Reforçar ou reestabelecer o ritmo de marcha: Por diversas causas, o idoso pode apresentar dificuldade de locomoção e de equilíbrio, dificultando até mesmo a sua própria marcha. A utilização de músicas com o ritmo e a pulsação bem marcados auxiliará o paciente a reestabelecer-se quanto a esta necessidade.

- Estimulação da fala: Muitas vezes, em decorrência à doença, o paciente geriátrico tem seu processo de comunicação verbal afetado. Porém, estas dificuldades podem ou não se apresentar, ou se apresentar com menor intensidade, na utilização do canto. Estimulando o canto, podemos estimular a musculatura facial e as áreas cerebrais envolvidas, auxiliando o processo de reabilitação.

-Estimulação da memória: A memória geralmente apresenta debilitações na maioria dos idosos, seja pelo processo normal de envelhecimento ou pelo surgimento de uma demência. A música, porém, traz reminiscências do passado, e ajuda no resgate de lembranças.


-Estimulação da Cognição: O processo cognitivo se altera com o avanço da idade, se tornando mais lento. Aprender novas músicas, ou relembra-las, tocar instrumentos musicais e reforçar associações pode se tornar um meio excelente de estimular a cognição e estimular o raciocínio, ajudando até mesmo a prevenir ou retardar doenças associadas à demências.

-Força Muscular: Os idosos perdem massa e força muscular com o passar dos anos. Estimula-los com instrumentos musicais de percussão que exijam um maior trabalho muscular, ou trabalhar o corpo através da música (dança, alongamentos), pode ser de grande ajuda para a manutenção e desenvolvimento desses músculos.

-Motricidade: A motricidade fina é uma grande dificuldade encontrada pelos pacientes geriátricos. Através de instrumentos que utilizem baquetas, do teclado ou do piano, podemos obter meios excelentes de estimulação neste requisito.

-Depressão: A música é, na maioria das vezes, prazerosa, auxiliando o idoso
não só nos aspectos físicos como também em seus aspectos emocionais. A música propicia momentos prazerosos, onde o idoso tem a possibilidade de expressar as suas emoções e também lidar com seus sentimentos de perda, seus medos e tristezas.

-Solidão: Os idosos institucionalizados têm maior tendência a sentirem solidão e abandono. A música possibilita, através de seu potencial integrador, que os moradores dessas instituições se conheçam e compartilhem suas vivências e experiências, aprendendo a lidar e a apreciar a companhia de outros idosos, o que auxilia na formação de um círculos de amizade e convivência, além de ampliar os momentos de satisfação proporcionados pela vivência grupal.


Referências Bibliográficas:

BLASCO, S.P.- Compendio de Musicoterapia, Edições Herder, Barcelona, 1999.

BRIGHT, R. – La Musicoterapia en el tratamento geriátrico: Una nueva visión, Ed. Bonum, Australia, 1991.

GASTON, E. T – Tratado de Musicoterapia, Ed. Paidos, Buenos Aires, 1968.

JOURDAIN, R. – Música, Cérebro e Êxtase: Como a música captura nossa imaginação, Ed. Objetiva, Rio de Janeiro, 1998.











Por: Irina Kokado/ Sabrina S. Macedo em 11/08/2008.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Música e Saúde




A música em si possui muitas propriedades terapêuticas. Não é por acaso que já durante a Segunda Guerra Mundial começou-se a pesquisar os benefícios que a música poderia trazer ao homem. Os soldados feridos durante a guerra, ao escutarem música, se recuperavam mais rápido do que os que não eram submetidos a essa audição. Desde então, abriu-se um imenso leque de pesquisas sobre a relação da música com homem e seus efeitos terapêuticos, dando origem à Musicoterapia.
Geralmente, somos sensíveis a reações causadas pela audição de uma música ou de um som. É comum nos flagrarmos testemunhando que determinada música nos traz bem-estar, disposição ou então que mobiliza emoções. Como já dito anteriormente, a música por si só possui muitas propriedades terapêuticas, propriedades estas que podem ser potencializadas no tratamento musicoterapêutico.
A Musicoterapia pode ser realizada através de atendimentos individuais ou grupais, e visa restabelecer a integridade física e psíquica do cliente, atuando na prevenção, tratamento e recuperação de doenças. Entende-se por restabelecimento da integridade física o resgate da relação do indivíduo com seu próprio corpo, muitas vezes deixada de lado pelo uso exaustivo e priorizado da cognição. O restabelecimento da integridade psíquica reflete a organização de idéias, o estabelecimento de prioridades pelo próprio indivíduo, abrindo-lhe um canal para catarse, ou seja, uma liberação e direcionamento do fluxo de energia contido e armazenado muitas vezes no próprio corpo. A catarse pode ser realizada, nas sessões de Musicoterapia, através de atividades que envolvam canto, expressão corporal ou produção musical, sendo todos estes elementos muito primitivos na ontogênese e filogênese humana. Para ser submetido, porém, ao processo musicoterapêutico, não é necessário possuir conhecimento musical nem de prática instrumental. Para isso, o musicoterapeuta utiliza-se de instrumentos musicais de fácil manuseio e execução, auxiliando o cliente em sua produção musical e lhe fornecendo a base necessária para a mesma.